Os últimos 15 dias foram agitados para uma série de empresas nacionais e internacionais, que realizaram diversas mudanças no alto escalão. Esta edição do C-Suite destaca o novo corpo diretivo da Piemonte Holding, instituição financeira que anunciou três novos diretores: Nathalie Afonso, Claudio Cornetti e Victor Almeida, que atuarão na expansão e fortalecimento dos processos operacionais da empresa.

Ainda no setor financeiro, a fintech brasileira PicPay anunciou Eduardo Chedid como vice-presidente de serviços financeiros. O executivo soma passagens por empresas como Elo, Visa, Cielo e Credicard.

No setor automotivo, a Mercedes-Benz anunciou duas mudanças: uma local e outra global. Dirlei Dias será o novo responsável pelo pós-venda de automóveis e vans no Brasil. A empresa também anunciou Karin Rådström como membro do conselho de administração da Daimler Truck AG e chefe mundial da Mercedes-Benz Trucks.

A Sandoz, do Grupo Novartis, também promoveu mudanças no corpo diretivo. Juliana Kakimoto será a nova diretora de jurídico e ERC (ethics, risk e compliance) e Rodrigo Salman ficará no cargo de diretor de excelência comercial e digital, nova área da companhia.

Nesta edição, a Forbes conversou com Marcella Novaes, que foi recentemente nomeada como nova diretora administrativa da Agropalma, produtora brasileira de óleo de palma sustentável. A executiva é a primeira mulher a assumir a posição na empresa e tem passagens por Nokia, Coca-Cola e Whirlpool.

Leia, a seguir, a entrevista completa com Marcella Novaes para saber mais sobre nova posição e as ações ESG da empresa no Brasil:

Forbes: Quais são seus principais desafios e objetivos como diretora administrativa da Agropalma?

Marcella Novaes: Ser a primeira mulher a assumir a diretoria de uma grande empresa faz com que você se torne uma referência para outras mulheres. O primeiro ponto que eu destacaria como desafio é essa responsabilidade de ser uma referência, dentro e fora do grupo Agropalma, para que outras mulheres percebam que existe a possibilidade de um crescimento profissional, inclusive para posições estratégicas. Temos vários projetos que dão suporte a todo o processo de desenvolvimento de carreira na empresa.

Outro desafio é com relação à abrangência da diretoria administrativa. Assumi nove diferentes áreas, que somam quase 400 colaboradores, e sou responsável por todos os processos, com a principal função de garantir que a governança institucional seja claramente difundida e cumprida em todos os setores. Nesse sentido, é fundamental aplicar a experiência em gestão de pessoas, já que para tomar uma decisão ou traçar uma estratégia, é preciso considerar o impacto que essas medidas podem causar em cada colaborador, no âmbito pessoal e profissional, e, ainda, no clima organizacional das unidades.

F: O Brasil é um dos principais países no mundo no segmento agrícola. Como você analisa o atual momento do mercado – levando em conta toda a conjuntura econômica – para a empresa?

MN: No ano passado, ninguém imaginava que poderíamos enfrentar uma pandemia e passar por todas as situações que estamos vivendo até hoje, como reflexo dela. No início, ninguém acreditava que a pandemia iria perdurar por tanto tempo. Isso desestabilizou todo o planejamento que tínhamos para 2020. As empresas se reinventaram e o segmento agrícola acabou conseguindo ter um resultado positivo no ano, melhor do que imaginávamos. O cenário que víamos no primeiro trimestre de 2020 era muito negativo, mas conseguimos fazer a reestruturação necessária e tivemos um bom resultado, assim como outras empresas do mesmo setor.

Hoje, ainda tentamos identificar quando essa situação ficará mais controlada, porque há uma instabilidade em todas as cadeias, incluindo consumo, processos, serviços e fabricação. Agora, por exemplo, estamos passando por muitas dificuldades em relação às matérias-primas, porque os fornecedores não estão conseguindo nos atender com contratos anuais. São desafios que estamos vivendo que, realmente, podem vir a impactar e, novamente, as empresas precisarão se reestruturar, replanejar e buscar alternativas para solucionar essas demandas, nessas novas situações que estão surgindo. Em algumas regiões, ainda há restrições de funcionamento das empresas, mas como somos uma companhia de alimentos, continuamos em atividade. Nossa prioridade, porém, é garantir a segurança e a saúde dos nossos colaboradores e, assim, manter a operação com sustentabilidade financeira.

F: Quais os principais projetos e políticas da Agropalma em relação às pautas ESG?

MN: Para cada área, temos vários projetos. Temos políticas específicas que orientam todos os processos de gestão, mas desenvolvemos ações e programas dirigidos para cada uma delas, anualmente. Entendemos que, para as áreas social e ambiental, esse trabalho é contínuo, não tem como não olhar para essa pauta. Disseminamos o respeito à fauna e à flora em todas as unidades e mantemos uma relação muito próxima com as academias e órgãos de pesquisas, para prosseguirmos com nossos programas de preservação.

No âmbito social, mantemos uma relação constante com a comunidade. Nosso principal papel é garantir que as comunidades locais, onde as unidades da empresa estão inseridas, sejam as primeiras a fazer parte do quadro funcional. Em nossa unidade em Tailândia (PA), temos 4.500 funcionários e toda nossa busca por profissionais qualificados é na região. Trabalhamos com três municípios e entendemos que toda movimentação da empresa também atrai profissionais de outras regiões, que acabam morando nesses locais. Quando fazemos uma seleção, levamos em consideração que vamos ajudar a movimentar a economia daquela cidade.

Outro fator de extrema importância para nós é a educação. Temos a Escola Agropalma, que foi criada para atender alunos da educação infantil ao ensino médio, na região da Tailândia. Oferecemos o programa pré-Enem, que não é exigido por lei, mas disponibilizamos aos nossos alunos do ensino médio para que possam se preparar melhor para o exame, como parte do nosso Projeto do Futuro. Entendemos que esses alunos, ao saírem da escola, terão condições de atingir a pontuação necessária para ingressar nas universidades que quiserem. Este ano, o Enem ainda está em andamento, mas de 2019 para 2020 tivemos 10 alunos que passaram em universidades públicas, de um total de 16 que fizeram a prova. A educação está diretamente ligada ao crescimento profissional desses jovens e trabalhamos para que todos tenham oportunidades.

Fonte: Forbes Brasil